sábado, 24 de outubro de 2015

DEMOCRACIA e REPÚBLICA 4


 
Em Portugal mal existe a chamada "Direita", quanto mais a "Extrema Direita". Digo que a Direita "mal existe" porque ela - cá no País - é fraca, pouco numerosa, naturalmente tímida, supersticiosamente católica, dada mais à vida rural (nas 'quintas'...) e a cueiros de pano do que à vida urbana e à leitura; vai regularmente a Fátima e assiste à missa na Igreja de Santa Isabel em Lisboa, mas corre rapidamente a refugiar-se em casa para uma novena privada. Elas, são Tias e as suas filhas envergam sobretudos verde-escuro com um machinho nas costas e sapatos de salto raso com biqueira redonda; os homens são geralmente tipos de sapatinho-de-vela, camisa às riscas verticais e actividade profissional difícil de descortinar. Não sabem grande coisa do que quer que seja e aludem "à Avó" com frequência. No entanto, e na altura de votar, percebem que a sua preguiça tem limites e consideram que sempre é melhor confiar nos partidos ditos "da Direita", PSD e CDS, de modo manter as suas vidinhas mais ou menos tranquilas; pelo menos, sem piorar. Entretanto, PSD e CDS-PP mudaram alguma coisa desde a sua fundação em 1974; e hoje pertencem a uma Família Política Europeia - o PPE - que lhes conferiu finalmente um posicionamento ideológico, para grande alívio das respectivas direcções desde Cavaco Silva e Manuel Monteiro: 'eles' são da Direita (moderada) e pronto, acabou-se. A Direita Portuguesa não é muito esperta; e é tão letal como um sabre de borracha.
Não têm teóricos, não têm ideólogos, todos  os auto-denominados 'pensadores' fogem desta área política em Portugal como o Demónio foge da Cruz (haverá neste país outro tipo de pensadores que não os auto-denominados?).
 
Existe felizmente Jaime Nogueira Pinto, um homem sabedor, desassombrado, tranquilamente de Direita e que está a um nível muito acima da rapaziada que por essas televisões comenta, parlapata e alvitra com atrevimento ignorante.
 
Existia também Vasco Graça Moura - um homem superior, grande poeta, editor e genial tradutor: um intelectual, verdadeiramente digno dessa classificação - sem precisar das esquerdas para nada. Infelizmente já não está entre nós.