sexta-feira, 30 de junho de 2017

CAMBADA DE NÓDOAS


 
 
Depois dos 64 mortos no Pedrógão, depois das perguntas de Costa sobre "o que realmente aconteceu" e "as suas dúvidas", depois de todos os dados externos e notícias que apontam para a total desordem na Coordenação de Operações, depois de todas "as falhas de comunicação do SIRESP" e do acidente no Marão, o governo deste homem fatal persiste na produção e multiplicação de episódios trágico-patéticos que fazem de nós - pobre país - território propício à prática do crime violento e do terrorismo, bem como alvo de chacota internacional: desta vez foi "o desaparecimento, do Paiol de Tancos, de milhares de munições 9mm de pistola-metralhadora, lança-rockets e dezenas de granadas de mão; existia vídeo vigilância "mas as câmaras estavam avariadas" (como numa loja de conveniência em Ferreira do Alentejo). Foi particularmente interessante o rodapé noticioso que ainda hoje passava nas TV's - vários dias depois do incidente: "Azeredo Lopes já foi informado". Ainda bem.
 
Não restam dúvidas; tanto para substituir a ministra da Administração Interna como para o lugar da Defesa Nacional, Costa pode ir buscar aquele rapaz que controlava remotamente o tráfego no interior do Túnel - mas que afinal estava a ferrar o galho, coitado. Pior não ficamos.
 

domingo, 25 de junho de 2017

INCAPACIDADE, INCOMPETÊNCIA, IMPUNIDADE.

 
 
 
Os Pedrógãos e as frases idiotas deste país:  disse Marcelo (que se tem entretido a colocar tiras de gaze sobre as chagas infectadas da Nação) “É altura de apurar tudo, mas mesmo tudo”. Encorajador; ficamos assim com a confirmação de que “tudo” é menos do que “mesmo tudo” e que quando são (ou foram) instaurados “rigorosos inquéritos” ao nosso firmamento político-criminal para encontrar responsabilidades “doa a quem doer” os mesmos não têm ou tiveram o alcance absoluto que agora a Procuradoria vai imprimir aos mesmos. Dão-se, portanto, progressos. A Procuradoria, por seu lado, afirmou “estar no terreno desde o início (da calamidade)”. E é bem: encontrará certamente foguetes de festas de Verão, isqueiros, cartões de sócio do Benfica pertencentes a madeireiros ou a conhecidos pirómanos – de férias em ‘precária’; e também o bendito cabo (fibra óptica?) do SIRESP que ardeu de forma malévola, perturbando o trabalhinho das telefonistas.
Melhor seria que Joana Marques Vidal reabrisse o dossier (arquivado) sobre a aquisição do SIRESP pelo ministro da administração interna António Costa e sobre a sua choruda ‘implementação’ por parte de pardacentos e alaranjados espantalhos do Regime. Quanto ao que se passou no Pedrógão, não se tratou de infeliz e inevitável (pequeno...) conjunto de mortes acidentais – mas sim de, pelo menos, 63 homicídios; resta saber de que tipo.
Mas Costa, e a esquerda, acabarão por sair por cima. Parece que uma poderosíssima Trovoada Seca apareceu de repente e está na origem do incêndio reacionário e burguês. Julga-se mesmo ter-se tudo devido a “um acto de Deus”; o Governo acredita, pois, na existência de Deus – o que é perfeitamente compatível com o beija-mão ao Papa Francisco que teve lugar em Fátima no passado mês de Maio.
Já o pobre cidadão contribuinte líquido se confronta bastas vezes com abusos e erros crassos cometidos pela máquina fiscal – mas para tal há sempre uma razão: “não temos ‘sistema’; o ‘sistema’ foi abaixo; é erro do ‘sistema’ ”, sempre culpa ‘do sistema’, nunca de funcionários ou chefias. Agora também Costa alegará “actos de Deus”, “foi o SIRESP que foi abaixo”, “a culpa foi de Santana Lopes” etc, etc. Isto, enquanto persiste em prolongar a estéril manutenção da ministra em funções que, qual barata tonta, se vai arrastando de reportagem em reportagem; a pobre criatura conseguiu bater o record das Olimpíades de Castelo de Paiva pertencente a Jorge Coelho com 59 mortes.
Costa, desde que dezenas de pessoas morreram horrivelmente queimadas, apareceu nas pantalhas duas vezes – uma no meio de piteiras envergando um colete fluorescente e outra em estúdio entalado numa ruça gravata cinzenta adquirida conscienciosamente em 1992 na Maconde. Tal como as enxurradas em Lisboa “para as quais não há solução” (sic, o Edil António Costa), também este malfadado "fenómeno dos incêndios é extremamente difícil de prever e dominar". Entretanto o tremendal comunista e bloquista afirmou desavergonhadamente que “não há pressa em constituir Comissões de Inquérito”; é preciso preservar a energia e a beleza das manas Mortágua, assim como a superioridade moral do camarada Manuel Tiago. Diz-se que “entre o Governo e a Direita estalou o verniz”: pouco interessa visto que entre estas duas inefáveis entidades nunca existiu mais nada senão verniz de 3ª qualidade.
 
Gritante e aflitiva é a incapacidade total para a comunicação e coordenação entre forças de segurança e protecção civil em caso de calamidade, desastre, emergência ou terrorismo. Citando Guterres “é a vida”.
 


quarta-feira, 7 de junho de 2017

o dia da raça



 
... vem aí mais um com o professor Marcelo. Há muito tempo que este Rectângulo não vê o 10 de Junho comemorado com decência e sobriedade (e sem uma paisagem urbana horrivelmente feia como fundo para o desfile das Forças em Parada, apoucadas). Provavelmente o último terá ainda sido nos tempos do rígido general Eanes: neorrealismos à parte, não era tipo para se entregar a festarolas ou deixar escorregar a coisa demasiado para a pimbalhice.
Tivemos depois várias vezes Soares como protagonista inevitável - com o molho do assado a escorrer-lhe no queixo; demasiadas vezes Sampaio - com o sobrolho levantado de sofrimento e medo, sempre pronto para desculpas e fugas; e pesadas vezes o casal Cavaco com caspa nos ombros, estuque nos cantos da boca e vigilância maternal de Maria. Tudo isto passou.
Entramos agora na meteórica época de Marcelo, com o multidirecional e multiplural ímpeto dos afectos, dos foguetes e dos Ranchos, das tunas e dos abraços, das cooperações e dos consensos. E é levar rápido rápido sobre as brasas - que se deve comer quente quente e depressa: há muita rodela de batata, beijinho e livrinho para entregar, dar e oferecer.
 
Pim-Pam-Pum.