quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CAVACO PASTEL

 
 
Seja qual for a opção presidencial, seja qual for a justificação dada, sejam quais forem as razões adiantadas para a sua leitura constitucional do momento político, Cavaco já vai atrasado tendo perdido completamente a capacidade de conferir força e clareza à sua decisão. Esperou muito, ouviu muito - ouviu demais, o que só revelou hesitação e tornou numa solene pêta "a equação já feita de todos os cenários possíveis".
Deste modo triste e pandilha, Cavaco tornou a sua eleição por 51% dos votos dos portugueses (e a correspondente autoridade) numa pastelice constitucional e regimenteira - completamente cúmplice ou presa da mais desavergonhada das aritméticas pós-eleitorais a que este país-pobre jamais assistiu: Costa, o confiável-costa-do-castelo, conseguiu de modo ambicioso e rufia condicionar totalmente os próximos tempos políticos - quando na verdade devia era ter já cometido, de joelhos, Ara-Kiri em frente à casa de Seguro. As malucas do Bloco e o Mesozóico Jerónimo emitem, entretanto, risinhos de satisfação nos bastidores. Tudo e todos já se pronunciaram, já alvitraram , já comentaram - e Cavaco acabará sempre mal no retrato.
Os parvíssimos episódios da "pensão que não me chega para as despesas", dos "encontros secretos do assessor-Lima num café da Av. de Roma", das "devassas dos meus E-mails", do "encaixar" - em silêncio cobarde - dos insultos do primeiro-ministro Checo a Portugal (numa visita oficial !), da "alteração súbita do programa de visita a uma Escola Secundária" apenas porque os alunos se manifestavam; tudo isto já manchava gordurosamente o bibe de Cavaco. Vai terminar assim o seu mandato com mais caspa, mais cuspo, mais hesitação, mais-boca-aberta.