Ana Sofia Antunes será a Secretária de Estado "da Inclusão das Pessoas com Deficiência", no governo-costa. Como seria de esperar, já veio noticiado em jornais que a senhora em questão era "invisual" - uma designação imbecil e imbecilizante (e humilhante para os cegos...) que os "visuais" tíbios inventaram para se sentirem melhor.
No meu ofício, a questão da acessibilidade e das barreiras arquitectónicas a pessoas (e mercadorias de grande dimensão) coloca-se logo a seguir à primeira Guerra Mundial - e depois com mais acuidade a seguir à Segunda Guerra nos países do Norte da Europa; não só porque tinham legislação mais avançada e democracias mas também porque ficaram com uma quantidade absurda de estropiados de guerra em cadeiras de rodas ou presos em Lares de Veteranos.
Não precisámos, pois, de decretos e posturas para conhecer o que se fazia já no Reino Unido, na Alemanha ou em França: bastava estudar. Mas a legislação foi necessária e chegou a Portugal - com cerca de 30 anos de atraso. Evidentemente que ela a todos beneficia - sejam os cidadãos vítimas de trágicos acidentes ou apenas vítimas do destino estúpido e da Roleta Genética. Encaremos então a questão da deficiência em sentido lato - como parece querer Costa.
Ele - que é de esquerda e vê as coisas de alto com o seu único olho bom - resolveu materializar em Secretaria de Estado a má consciência dos que supostamente não têm deficiências e também materializou a sua confissão pessoal da total inutilidade de todos os Organismos do Estado, de todos os esforços até aqui feitos por todas as Legislaturas de todas as forças políticas, no que respeita à Inclusão de pessoas com toda a espécie de deficiência: para ele, "incluir" só com uma pessoa nascida "desincluída". Mais um organismo inventado que estava a fazer muitíssima falta, esta Secretaria de Estado. Passando a mão no pêlo das pessoas (irresistível...) Costa demonstra o seu progressismo; desta, nem o BE nos seus momentos mais delirantes se lembraria.
