Costa está como quer: o mês de Janeiro é sempre longuíssimo, falho de dinheiro, escuro e triste, as strippers constipadas e cansadas; as pessoas estão moles e os jornais sem qualquer vontade de aprofundar matérias, acontecimentos, assuntos, índices, responsabilidades. Acresce a isto a palhaçada que se aproxima da campanha das presidenciais: direccionará a abúlica atenção do eleitor-parvo, e da imprensa obediente, para 5 personagens carnavalescos + dois homens sérios, e para vãs questões - ao invés de escrutinar a fantasia galopante do XXI governo. Costa, como é seu maior conforto e boa táctica política, joga tranquilamente em vários tabuleiros; e tal como Sócrates apoiou cinicamente a múmia-soares (tendo rejubilado com a reeleição de Cavaco...), o novo-primeiro apoiará cinicamente Maria e rejubilará com a eleição de Marcelo.
Portas foi-se embora; o PS está todo pacificado na expectativa cleptómana de empregos novos em institutos e observatórios; o PC digere - sonolento - o seu chumbo ao rectificativo; as cécias galantes do Bloco fazem malha e cantam juntas ao borralho das salamandras da Rua da Palma - tranquilas; o PSD encomenda fatos de corte mais modesto e armazena comida enlatada, para grande período de seca e falta. E o lobotomizado semanário Expresso - devidamente entorpecido pelo maninho - levantará apenas questões de tecnologia agrícola. Fixe.
Ortigão ou Eça poderiam dizer a Costa: « - Você resplandece, homem; você está radiante ! ».
