«Passos Coelho questionou António Costa
sobre a previsão de défice de 2015, usando as palavras do ministro das
Finanças, Mário Centeno, de que “talvez seja difícil sair do procedimento do
défice excessivo, dada a operação extraordinária com o Banif”, citou o antigo
primeiro-ministro. Mas de António Costa
teve a garantia: Portugal ficará, segundo a sua expectativa, abaixo dos 3% de
défice e a perspectiva para 2016 continua a ser a que estava nas intenções do
Governo, os 2,8%.».
Ora a todas estas coisas veementes, proferidas por Passos com veemência e propriedade, Costa contrapõe « que está garantido », e prontus.
Passos disse ainda, querendo chateá-lo, que «se não amortizar mais, gastará mais em juros; e ainda vai pagar juros maiores em futura dívida pública a emitir em breve».
Costa diz que não «e que a nossa credibilidade está intacta - faremos uma emissão barata» e boa c'mó caraças.
Passos insiste ainda, sem grande entusiasmo, e afirma «que o (este) governo não propôs qualquer alternativa para a solução Novo Banco e só quis amofinar o BdP.»
Costa nega e diz que 'vocês é que foram e são maus'. E ironiza; e tem humor. Passos recosta-se na cadeira e sorri com apenas metade da boca - como lhe é hábito.
Isto foi o debate de hoje - burocrático, contabilístico, amortecido, sebáceo - com os algozes de Costa suspensos nas suas palavras e a querer ansiosamente completar as frases com manifesto receio de argolada do Chefe: o piss-boy dos Assuntos Parlamentares retorcia-se inquieto; e o verdugo-Augusto cobria a testa com a mão olhando o sobrado.
Nem Passos tem grande vontade de guerrear nem Costa sabe minimamente do que fala - a não ser talvez do ponto de vista muito primitivo das contas de somar e dividir. Estamos nas mãos dele, do espertíssimo Centeno e de todo um enxame de gastadores dos ministérios, candidatos à gratificante tarefa de atirar esmola aos pedintes consumidores de 'mines' e prebendas tronchas e reluzentes aos amigos - construtores, perfiladores de arbustos, alcatroadores, arquitectos aventaleiros, engenhocas, sociólogos, artistas da música de protesto, mimos e acrobatas do Chapitô.