quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

SANTÍSSIMA TRINDADE



 
A política dos golpes tem custos
Económico
por André Abrantes Amaral
 
« Todo o bom negociador sabe explorar a fraqueza do interlocutor. Costa sabe-o e fá-lo sem problemas. Foi assim que chegou ao governo; é assim que governa.
Portugal tem sido alvo de uma série de golpes: primeiro, os responsáveis pela situação calamitosa do país indignaram-se com as medidas implementadas para resolver os problemas que criaram. Em seguida, aproveitando a suspensão da democracia por seis meses e com variadíssimos argumentos a justificar os seus actos, chegaram ao governo, apesar de terem perdido as eleições. Por fim, têm repetido as políticas que conduziram o Estado à bancarrota, mas que beneficiam, a curto prazo, a base eleitoral em que se apoiam. O objectivo é, com o erário público, dramatismo e demagogia à mistura, assegurar o voto que lhes garanta, em eleições a realizar o mais proximamente possível, a legitimidade política que não têm.
Perante tácticas deste género, fica-se atordoado e pasmado: não é possível tanta irresponsabilidade. A que se soma as pessoas não se conhecerem umas às outras, pelo que levam tempo a reagir de forma concertada. Todo o bom negociador sabe explorar a fraqueza do interlocutor. Costa sabe-o e fá-lo sem problemas. Foi assim que chegou ao governo; é assim que governa.
Claro que há custos. Ultimamente, têm-se referido os económicos: com os juros da dívida pública a acompanhar a subida da despesa, é de esperar mais austeridade: aquela a que o PS prometeu colocar um ponto final; mais impostos: precisamente os que Costa prometeu não subir. Significa isto que, com o actual Governo, vamos pagar mais impostos, mas ter menos serviço público. Mais impostos e menos Estado social.
PS, PCP e BE estão a pôr em causa o esforço dos portugueses nos últimos quatros anos. Infelizmente, a par do económico temos ainda o custo político. Qualquer democracia se baseia na confiança. Ora, o que é feito da confiança quando o partido que perdeu eleições é governo e toma medidas contrárias ao que prometeu durante a campanha eleitoral? O que resta da confiança quando o Orçamento de Estado é um logro que engana os portugueses e as instituições europeias? Quando o Governo compra a TAP com o nosso dinheiro e coloca na administração homens próximos do primeiro-ministro? Quando os socialistas agem como se fossem inimputáveis? A democracia é algo frágil que devemos proteger. Definha se não estivermos atentos. Os golpes são inúmeros e os mais perigosos são aqueles a que não se dá a importância devida.
Assistimos, por estes dias, aos primeiros sinais de um totalitarismo de esquerda: a compra da legitimidade política através do favorecimento por via dos dinheiros públicos, a vitimização, o dramatismo mediático, o insulto fácil, a imposição dogmática de políticas de cariz ideológico com elevados custos para todos. O país está a brincar com o fogo. Pergunto-me o que restará quando António Costa desistir da aventura em que nos meteu. »
 
Não se pense, portanto, que Costa por um instante se esquece dos seus e a quem deve os favores; o único programa bem definido não era obviamente o eleitoral ou o partidário e sim o de retomar pelo assalto todas as benesses e poleiros, com tanta amargura perdidos  aquando da bancarrota do PS de Sócrates. Quanto às gentinhas úteis e ideologicamente instrumentais do PCP e do Bloco não sei se se contentarão com pouco ou sequer se aceitarão muitas prebendas escandalosas de visíveis; no entanto devemos estar atentos ao precário equilíbrio de ódios e de disputa de votos à esquerda protagonizados por estes dois - de quem Costa tem um certo receio: o BE pode a todo o instante dar mostras de poder canibalizar parte do PS assim como do PC, uma dor de cabeça para os socialistas e um acesso de fúria cega e imparável para Jerónimo.