quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

EUTANÁSIA E SUICÍDIO ASSISTIDO mas também Aborto, Felicidade e Pena de Morte


 
Não quero ser mal interpretado: não sou um 'humanista' nem um pacifista; e apenas sou contra a Pena Capital (levada rapidamente à prática, que é a única maneira de esta funcionar) porque não permite a reparação de um erro. Mais ainda, declaro que a função da Prisão é, primeiro, afastar o criminoso condenado do resto da sociedade; segundo, a de o punir pelo afastamento e privação de Liberdade; em terceiríssimo lugar vem a tão propalada regeneração, reabilitação ou reinserção social dos condenados; se esta não for possível, o criminoso não deve ser largado cá fora apenas por uma questão burocrática de calendário.
Do mesmo modo, votei sim no primeiro referendo à Lei da Despenalização do Aborto pensando sobretudo no flagelo das mães adolescentes, nas pessoas pobres e nos inimputáveis e respectivas famílias; além do mais, ainda as questões eugénicas - com as quais concordo - e as questões de Saúde Pública. O meu progressismo pára, todavia, por aqui. Não acho (porque é sempre de achismo que falamos) que a Esquerda tenha razão quando pretende atingir a Plena Felicidade e o Paraíso na Terra: isso, pura e simplesmente, não existe e pretender viver a Vida sem consequências físicas, éticas, morais, estéticas ou psicológicas é uma daquelas solenes infantilidades que pode passar rapidamente de uma peta inofensiva para toda uma escravatura totalitária como aquela a que assistimos nas sociedades socialistas, onde em cada esquina havia um amigo e tudo era o Bem Comum. Agora, porém, o argumento esgrimido pela esquerda que quer o Aborto Sempre, a Eutanásia Sempre e o Suicídio Assistido Sempre é o do 'foro íntimo': "Ninguém deve votar ou interferir em coisas que só cabem ao próprio decidir"; deu-lhes portanto para descolectivizar a Felicidade e passar do Bem Comum para o Individualismo ("na minha vida" ou "barriga" ou "pessoa mando eu e apenas eu"). Pois bem, adorava ter eu próprio o máximo de Liberdade e de autonomia e não depender de ninguém - porque não sou social ou socializável e não gosto de pessoas; mas para isso preciso de TER os MEIOS necessários. Só pode ser 100% livre quem é 100% independente; e ninguém está em condições de o poder afirmar sem ser em fantasia. Até para fazer um aborto é necessária a intervenção de terceiros; e para a eutanásia a mesma coisa; e para outra coisa diferente - que é o suicídio assistido - a mesma coisa; além do mais tudo isto tem custos e mais custos (uma infelicidade à qual a esquerda volta sempre a cara). Não existem Leis Brancas; e depois, a casa não aceita devoluções - ou seja, não há lugar a "arrependimentos".
Estou certo de que tudo isto deve ser maturado e discutido e não legislado precipitadamente porque Costa 'uniu a esquerda'; na verdade apelar ao Referendo  só convém à esquerda quando esta é minoritária no Parlamento, porque quando se verifica o contrário, como supostamente agora, "o Parlamento ou uma aprovação em Conselho de Ministros parecem chegar perfeitamente".
Os suicidas deprimidos que pretendem assistência, não estão preparados para o chavascal e a desordem inestética que são um suicídio privado e pelos meios tradicionais - para o qual é preciso frieza; e têm mais medo da possível dor física do que da infelicidade de que procuram fugir, adormecendo simplesmente.