sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

o FIM da AUSTERIDADE: PALAVRA DADA É PALAVRA HONRADA.


 
A vitória de Costa e "do governo que ia acabar com a austeridade" durou uma semana. Já o muitíssimo martelado Orçamento de 2016 – que daqui emanou para a Comissão como um gás - partia do pressuposto vigarista de que “para repôr a justiça social e salarial” era lícito aumentar a carga fiscal de maneira generalizada, complicada, absurda e ideológica, sem todavia admitir ir tudo ao invés do Crescimento Económico e continuando a farsa propagandística do “Fim da Austeridade”: para Costa, que é um troca-tintas sem vergonha, bastava vir aos écrans e dizer “vamos crescer X% em 2016”. A nação-papalva acreditaria. Acreditaria e acreditou – pelo menos aquela parte da Nação que usa calçado confortável, que acredita em milagres, na astróloga Maya, na inocência de Sócrates, e nas Santidades de Irmã Lúcia e de José Veiga.
A coisa, no entanto, tresandava horrivelmente a mentira: Centeno deixou de ser perentório e regressou de semblante carregado, assinalando o peso fiscal e a necessidade de remeter as 35 horas para o fim do ano – o que Costa, o grande negociador, corrigiu e desmentiu logo para maior glória dos ‘acordos à esquerda’ e sossego das gentes da Inter.
Ferreira Leite entretanto rejubilou e palrou na TVi – esvoaçante e garota: Costa, o fiel António, "tinha de certo modo vencido a Comissão e a austeridade" (e ia repôr-lhe a reforma em breve…).
Mas outras notícias e outros sons chegaram do Eurogrupo, dos mercados e dos credores: indicações da necessidade quase certa "de medidas (de austeridade…) adicionais" para atingir o deficit; juros da Dívida Soberana a subir em todos os prazos; agitação e incerteza. Centeno encafifou e Costa sorriu com a boca de lado balbuciando "tudo indica que vamos na direcção certa".
Se alguém tivesse dúvidas acerca do fim da austeridade, elas ter-se-iam dissipado após estes acontecimentos e afirmações. Apenas as esquerdas radical e estalinista cá do Burgo parecem não ter percebido que o seu nome já está ligado de forma irrecuperável à obediência à UE e à submissão aos credores-maus-e-exploradores-do-povo. Veremos que tangas políticas e tiradas filosóficas usarão quando for preciso abandonar como ratos assustados o barco de Costa.