Estes dois estadistas protagonizaram uma
lamentável mascarada em 2001: fizeram Portugal “convergir”, “cumprir os
critérios” e “entrar no Euro”. Mais valia que o não tivessem conseguido. O portentoso
feito foi atingido com regras muito mais brandas, com cálculos de deficit mais
favoráveis, com contabilidade criativa, com muita mentira e optimismo exacerbado.
A Comissão e o novíssimo Eurogrupo
apressaram-se a engolir papalvamente as loas portuguesas. “Entrar” e “convergir”
não parece ter sido difícil: a Grécia conseguiu-o e os resultados estão à
vista; “permanecer” no Euro tem-se revelado bem mais trabalhoso e penoso.
Do mesmo modo o tão badalado procedimento do Deficit Excessivo, do
qual Portugal “deve saír”, é outra avantesma atirada actualmente para a frente dos media e que estes e os comentadores
avaliam muitíssimo mal: saír ser-nos-á eventualmente possível e praticável –
mais austeridade, menos 13º mês; difícil mesmo vai ser PERMANECER FORA DO
DEFICIT EXCESSIVO de forma natural, sistemática e estável. Portugal, as gentes
que cá moram e os políticos cá disponíveis ainda não interiorizaram que a nossa
fraquíssima economia e a nossa tradicional mentalidade de funcionários do
estado são endémicas, são venéreas. Para que algo mudasse mesmo para melhor
teriam sido muito necessárias Reformas no Regime e no Estado; e estas, ninguém
está disposto a fazê-las ou a sofrê-las.