Costa é um daqueles fura-vidas sem qualquer tipo de vocação ou préstimo para o que quer que seja, que muito cedo descobriu uma toca confortável na juventude partidária do PS; e daí para a frente foi sempre a singrar. Enquanto rapaz físico, biológico e político agitou-se o suficiente para que o seu servilismo interno fosse notado e acarinhado no partido. Deu certo. E em 93 ei-lo a disputar a Câmara de Loures à CDU - com o arrojo e o atrevimento dos simples: a competição barraqueira que organizou na Calçada do Carriche entre um Ferrari e um jumento não lhe deu a vitória nas eleições mas pô-lo definitivamente no mapa da paupérrima política portuguesa e dos episódios lamentáveis que as TV's transmitem para deleite das gentes idiotas. Mais golpe menos golpe, mais insinuação menos graxa, mais traição menos punhalada, têmo-lo governamentável e ministeriável pela mão católica de Guterres e pela luva roubona de Sócrates. Videirinho, saltitando de cargo em cargo e de Pasta em Pasta, Costa não sabe nada de nada e parece de nada saber; ou seja, é o protótipo do político atrevido e com voz de recipiente mesmo feito à medida do momento de mentira e de batota que actualmente vivemos e que o PS-de-Afonso-Costa-e-de-Mário-Soares tão bem soube aproveitar: o Rapaz (já o segundo na escolha...) estava à altura do momento - agora que o descaro e o sorriso alvar eram essenciais para baralhar o Povo e os media. Com a mesma desfaçatez maquiavélica com que apoiou Seguro, Soares - dito "o Velho" - troca sem hesitação de "Rapaz"; e limpava ainda o sangue da lâmina da adága quando voltou publicamente a sua ternura política para "o outro Rapaz" - este, cheio de potencial e promessas, e com a enormíssima vantagem de já contar no seu palmarés com um Burro e ser um casca-grossa de nascença. Melhor não era possível. "Desta massa se fazem."