sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

FRANCIS & Co



O Papa Francisco I disse que "Donald Trump não é um cristão porque quer construir muros em vez de pontes". Foi arrebatador, foi categórico, foi apostólico - mas foi mal. Por mais reformista e transparente que Francisco seja e por mais modesto que seja o quartinho que resolveu habitar ou discreto o automóvel onde é conduzido, o Papa não se pode esquecer de que é um Chefe de Estado (é um Monarca eleito e Coroado), de que tem Nunciaturas abertas e diplomatas por todo o Mundo, de que tem tratados e Concordatas com vários países; e como tal, deve abster-se de interferir ou comentar eleições democráticas e candidatos presidenciais de outros Estados Soberanos; pelo menos é o que recomendam a prudência, a temperança e a boa educação (virtudes...). Mesmo que o candidato seja Trump; mesmo que Trump ignore o que é o Mundo para além de NYCity ou seja delirante: já não seria a primeira vez nos EUA um fenómeno similar.
Dá-se também o facto supra cómico de que se o Herdeiro de Pedro declara Trump um não-cristão, está ele próprio a excomungar Trump - ou seja, a destruir uma ponte ou a construir um muro de forma radical, declarando o homem desprezível e indigno de companhia. Acresce a isto que Sua Santidade ainda não deve ter prestado muita atenção ao lugar que habita e à Cidade onde mora: A folclórica Guarda Suíça tem por de trás outros homens de fato e gravata, armados com pistolas automáticas de alto calibre ('muros'...); Roma é cercada por velhas muralhas e portas flanqueadas por torres que subsistem após mais de 1700 anos; e a Cidade do Vaticano é a designação eufemística de uma colina Fortificada protegida por Muralhas Abaluartadas, bem visíveis a quem visita os Museus e no perímetro ilustrado supra. Além disso, o Museu do Vaticano tem também um número apreciável de outros guardas e estes não estão lá para tarefas turísticas (mais 'muros'...).
Trump é um doido radical - mas está a disputar eleições num país de cidadãos doidos radicais desde o Vermont até ao Texas, e ao menos dá mostras de querer "fazer alguma coisa para resolver problemas" ainda que sejam desagradáveis ou enormidades aparentes: sempre é mais meritório do que não fazer nada ou não falar nos assuntos quentes. Dizer "que sim" a todos os refugiados e imigrantes é uma atitude meiga - sem dúvida - mas à qual apenas um Papa se pode dar ao luxo.
Salientamos também, sem qualquer malícia ou sombra de crítica, que no decurso das suas obrigações de Estado e Ecuménicas Sua Santidade é por vezes vista na companhia de personalidades de índole mais do que duvidosa.
Alguém me disse, aquando da eleição de Francisco "que este Papa era um grande progresso em relação a Bento XVI porque comunicava bem, e ser Pontífice era em primeiro lugar comunicação". Concordo. E Francisco esteve mal porque devia ter estado calado.
 
Sem beijar o anel esplêndido e puro de Vossa Santidade,
 
Besta Imunda