segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

"OBRA a OBRA", SIRESP, IRS, SISA e PEPINOS - que é bom começar a torcer logo de pequeninos.



Com o seu feitio bojudo de pote vidrado da política, o seu à-vontade abúlico perante todas as situações, graves ou não; e dadas as várias peripécias urbanísticas que protagonizou junto com arquitectos aventaleiros quando na CML, Costa é um daqueles tipos cuja popularidade e perfil lhe permitem agir, governar e afirmar sem qualquer incómodo por parte da imprensa e dos comentadores serventuários. A sua tranquilidade e método são tais que julgo tratar-se de um instintivo, um daqueles homens de quem n'O Coliseu ou n'Os Alunos de Apolo se diria com admiração: "de pequenino se torce o pepino".
 
 
Não sabemos bem o que Guterres (outro António) terá visto em Costa para o fazer seu Ministro da Justiça. Certo é que, tal como Vitorino e mais tarde Santana Lopes, Costa se viu envolvido numa notícia de malandrice fiscal para a qual arranjou as explicações supra-documentadas e que estão perfeitamente na linha das socráticas "não é meu, é da minha mãe", "não são meus, são do meu amigo" e "não fui eu, foi o João Perna". Adiante. Não aqueceu o Lugar na Justiça - o que foi uma pena dadas as suas fantásticas aptidões - mas viria a ser titular da Administração Interna no Governo Pinto de Sousa.
 
 
 

Dado que temos uma nojenta liberdade de imprensa e de expressão, vêm pontualmente à superfície babugens e lodo deste género aqui colocado - acerca de um amigo de Costa. Manifestamente, trata-se de obra maligna: afinal, de entre os numerosíssimos amigos que tem, Costa não pode saber o que tramam na intimidade e responder pelas suas eventuais malfeitorias. A mim, jamais acontecerá tal notícia pois tenho poucos amigos e são todos pelintras pagadores de impostos.
 
Mas a grande questão que para mim torna Costa um mistério foi a sua negociação e posterior adjudicação (2007) a um consórcio de empresas representadas pela SLN de Oliveira e Costa para fornecimento e instalação do bendito SIRESP (Sistema integrado das redes de emergência e segurança de Portugal). A coisa (proposta...) era tanto mais extraordinária porquanto já tinha sido dada com cambalacheira por parte de uma comissão ainda organizada no tempo de Guterres: aparentemente "o preço da proposta vencedora do concurso era 5 vezes superior ao das restantes - que perderam (!!!)". Escusado será dizer que à proposta ganhadora estavam ligados os nomes pardacentos e criminais de Dias Loureiro, Daniel Sanches e outros artistas da SLN além do próprio Oliveira e Costa - todos já investigados, à época, por suspeita de branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Costa, como ministro,  num primeiro momento anulou o negócio com estes cavalheiros; mas "uma vez que o concurso ainda estava válido" (o que eu não sei o que significa...) resolveu negociar com 'eles' e passar de um preço de 485 Milhões de Euros para um outro mais baixo de 435 Milhões "perdendo algumas funcionalidades". Isto para um Sistema de Comunicações da República que estaria avaliado inicialmente apenas em 97 a 100 Milhões.
Provavelmente o Sistema já está obsoleto e foi substituído por smart phones ou sinais de fumo. Mas deve ser a esta capacidade fantástica de poupar 50 Milhões numa vigarice de 500 que só valia 100 que Costa deve o seu justíssimo epíteto de O Negociador. Acredito plenamente que nem PS nem PSD ganharam para as suas máquinas partidárias e queridos o que quer que fosse destes milhõezitos - tão poucochitos.