A política dos golpes tem custos
Económico
por André Abrantes Amaral
« Todo o bom negociador sabe explorar a
fraqueza do interlocutor. Costa sabe-o e fá-lo sem problemas. Foi assim que
chegou ao governo; é assim que governa.
Portugal tem sido alvo de uma série de
golpes: primeiro, os responsáveis pela situação calamitosa do país
indignaram-se com as medidas implementadas para resolver os problemas que
criaram. Em seguida, aproveitando a suspensão da democracia por seis meses e
com variadíssimos argumentos a justificar os seus actos, chegaram ao governo,
apesar de terem perdido as eleições. Por fim, têm repetido as políticas que
conduziram o Estado à bancarrota, mas que beneficiam, a curto prazo, a base
eleitoral em que se apoiam. O objectivo é, com o erário público, dramatismo e
demagogia à mistura, assegurar o voto que lhes garanta, em eleições a realizar
o mais proximamente possível, a legitimidade política que não têm.
Perante tácticas deste género, fica-se
atordoado e pasmado: não é possível tanta irresponsabilidade. A que se soma as
pessoas não se conhecerem umas às outras, pelo que levam tempo a reagir de
forma concertada. Todo o bom negociador sabe explorar a fraqueza do
interlocutor. Costa sabe-o e fá-lo sem problemas. Foi assim que chegou ao
governo; é assim que governa.
Claro que há custos. Ultimamente, têm-se
referido os económicos: com os juros da dívida pública a acompanhar a subida da
despesa, é de esperar mais austeridade: aquela a que o PS prometeu colocar um ponto
final; mais impostos: precisamente os que Costa prometeu não subir. Significa
isto que, com o actual Governo, vamos pagar mais impostos, mas ter menos
serviço público. Mais impostos e menos Estado social.
PS, PCP e BE estão a pôr em causa o esforço
dos portugueses nos últimos quatros anos. Infelizmente, a par do económico
temos ainda o custo político. Qualquer democracia se baseia na confiança. Ora,
o que é feito da confiança quando o partido que perdeu eleições é governo e
toma medidas contrárias ao que prometeu durante a campanha eleitoral? O que
resta da confiança quando o Orçamento de Estado é um logro que engana os
portugueses e as instituições europeias? Quando o Governo compra a TAP com o
nosso dinheiro e coloca na administração homens próximos do primeiro-ministro?
Quando os socialistas agem como se fossem inimputáveis? A democracia é algo
frágil que devemos proteger. Definha se não estivermos atentos. Os golpes são
inúmeros e os mais perigosos são aqueles a que não se dá a importância devida.
Assistimos, por estes dias, aos primeiros
sinais de um totalitarismo de esquerda: a compra da legitimidade política
através do favorecimento por via dos dinheiros públicos, a vitimização, o
dramatismo mediático, o insulto fácil, a imposição dogmática de políticas de
cariz ideológico com elevados custos para todos. O país está a brincar com o
fogo. Pergunto-me o que restará quando António Costa desistir da aventura em
que nos meteu. »