domingo, 15 de maio de 2016

O TRIUNFO DOS PORCOS


 
 
Fátima já passou (agora só p'ró ano...). A poucas horas da conclusão da época de futebol 2015-2016 podemos já antecipar a gritaria, as imagens lamentáveis de multidões vociferantes em tronco nu, o vandalismo, a lixaria deixada sob a forma de latas, garrafas de cerveja e embalagens de quase tudo. Isto, independentemente do Clube que ganhe o campeonato.
A tese de que o Estado Novo e Salazar inventaram e usaram ardilosamente o Fado, o Futebol e Fátima para manter o povo sossegado, avinhado, entorpecido e entretido de modo a não pensar em mais nada, revela-se assim completamente falsa: bastante antes de Salazar o povo já adorava vinho, fado, devoções gemibundas e a alarve tortura pública de touros até à morte ( o popular Sport da época ). De um modo geral o povo já era burgesso antes; Salazar já o recebeu assim; e depois o 25 de Abril (sempre) herdou-o quase igualzinho - apenas com algumas pequenas melhorias epidérmicas, mercê do passar do Tempo e de limitada influência externa. Um fatalidade endémica nossa.
Costa e a esquerda usurpadora e batoteira que o suporta, tem de novo nas mãos (ainda e sempre) o mesmo material genético popular: é óptimo para eles pois enquanto a malta se entretém em cafés e barbearias a discutir se o Anjo A tem uma pilinha mole, se o Anjo B tem uma cona flácida ou se o Anjo C tem um lamentável prolapso recto-anal, o governo vai trabalhando para 'os seus' e para ideais anacrónicos, impondo gradualmente delírios legislativos sem que (quase) ninguém se importe ou lhes vá à mão.
Para uma geração ignorante que nada leu e que voluntariamente não lê (e que já nem sequer gosta de Cinema...) - onde se inclui forçosamente a massa indistinta e despenteada de actuais políticos e deputados - era muito importante que lessem as detalhadíssimas e rigorosas biografias de Hitler por Ian Kershaw, de Stalin por Robert Conquest e de Salazar por Ribeiro de Menezes. E, já agora, o sinistro e arrepiante 1984 de Orwell.
 
Salazar não foi de modo nenhum um progressista - muito menos um democrata; nem tampouco um arrogante extrovertido e narcisista dinâmico  do tipo Mussolini. Não é demais recordar que ele não fez a revolução de 1926, e que lhe caiu no colo uma nação teimosamente encalacrada desde 1814, endividada até aos olhos às democracias europeias, visceralmente corrupta, sem equipamentos, sem estradas, sem electricidade, sem transportes, sem Saúde, apenas com um punhado de escolinhas; e de uma pobreza  venérea. Errou, diz-se; mas não cometeu só erros de avaliação ou de governação: essa é uma acepção simplista e cómoda geralmente usada pelos seus detractores - que ignoram propositadamente tudo o resto, desde o Povo Português em si mesmo até à complexa conjuntura mundial que durou longas décadas. Para as vastas legiões de ignorantes críticos (treinadores de bancada da História e da ciência política) que não vêem mais longe do que o prato que lhes está imediatamente à frente, recomendo pois os quatro livrinhos citados supra - especialmente a de Salazar (o imperfeito monárquico relutantemente republicano), que passados 48 anos desde que deixou o Poder ainda é o conveniente saco de pancada deste país de ladrõezinhos, delatores e bufos.
 
Quanto a Costa (voltando a coisas reles mas perigosas) e à sua entourage de reconstrutores das insustentáveis e ruinosas 'grandes conquistas', não há dúvida de que seguem cada vez mais o mote "nesta sociedade somos todos iguais"; mas acarinham com desvelo o corolário "existem todavia uns mais iguais do que outros" (os beneficiários da ADSE por exemplo). Estes, os mais iguais, são aqueles que "querem o bem do Povo, que sabem do que ele precisa em cada instante, e que estão na vanguarda do socialismo" rumo à perfeição de uma realidade diariamente manipulada.