Era
sabido: João Soares é grosseiro e arrogante; a coisa ficou mais do que patente
no lamentável episódio Lamas/CCB (apenas um da sequência crescente de
má-criação e soberba protagonizada por Joãozinho desde que perdeu Lisboa).
Desta vez, porém, o indivíduo (que por acaso é Ministro da Cultura) ameaça
publicamente “com bofetadas” dois cronistas, seus críticos, que há muito o haviam
sinteticamente classificado com acerto: Augusto M. Seabra e Vasco Pulido
Valente.
É
compreensível: João Soares não faz mais do que seguir a linha genética, à qual
não consegue fugir, que lhe vem de seu pai Mário Alberto Nobre Lopes Soares e
de seu primo Alfredo ‘Fredo’ Barroso –
ambos com bastíssimas provas publicamente dadas de comportamento burgesso e de baixaria. E assim tem sido porque nesta Famiglia
há a noção de legitimidade hereditária republicana que natural e impunemente lhes
advém da categoria de deidades políticas e sociais (à qual foram elevados por
um povo simples e servil): existe um limite de velocidade no Código da Estrada
? Não interessa, ele não se aplica a
Mário Soares; exige-se a um Chefe de Estado exemplo de cortesia e respeito
pelas polícias que lhe garantem segurança ?
Não interessa, Soares vocifera alarvemente ‘ó sr guarda desapareça’; É de bom tom ter maneiras à mesa e contenção
educada no tratamento dado ao pessoal que o serve ? Não interessa, Soares dá ordens de boca cheia – cheio de
desprezo social.
Mas
João não é Mário, e nunca o será. João Soares é uma irrelevância política, quer
dentro do PS quer fora dele; e só tem tido destaque por via do nome familiar. Até
agora, a única intenção perceptível detectada no Ministro da Cultura foi a de
promover sistematicamente os seus Irmãos
da Loja ao entachamento organizado; e a de proferir fugazmente banalidades à
entrada de exposições – sem qualquer programa ou rumo, como é natural num
governo falido de dinheiro, de legitimidade, de ideias e que navega irresponsavelmente
à vista.
Por
muito menos, Carlos Borrego (secretário de estado de Cavaco) demitiu-se do
cargo. Por manifesta falta de autodomínio e brejeirice parlamentar, Manuel
Pinho (Ministro de Sócrates para a Linguagem Gestual) foi nesse mesmo dia
exonerado. Se tal coisa tivesse ocorrido num governo de Direita ou de Santana Lopes (!) teria sido um vendaval
esquerdista – irremediavelmente ofendido e clamando por sangue.
Mas
com Soares e Costa não: basta um singelo e contrafeito ‘pedido de desculpas’. O
Partido Comunista – não se sabe bem porquê – nada diz, e o PSD “acha que não há
motivo para demissão”. Inconcebível.
Não
chegam puxões de orelhas de Costa a Soares; não chegam desculpas balbuciadas que
vêm tarde e sem convicção. Soares (uma inutilidade intelectual e culturalmente
árido) acha-se manifestamente giro e com a licença parvamente queirosiana de
prometer publicamente – hoje – bofetadas,
como quem ameaçava no passado com bengaladas.
Vergonhoso
e penosamente ridículo.