"As eleições ganham-se ao centro" ou "É a classe média que decide" ou "O eleitorado português é maioritariamente de esquerda" ou "O Povo Português é sábio na hora de votar". Balelas, tretas, frases idiotas e emproadas - proferidas por gente emproada; solenes petas. É a natureza (humana...) que guia instintivamente o 'eleitor' e não qualquer sabedoria ou consciência colectiva sedimentada ao longo de milénios. O Povo não é maioritariamente de esquerda, mas sim dependente de Estado Social e do seu burocrático arremesso de moedas para cima das gentes vadiantes; a classe média não decide peva porque ela - se alguma vez existiu - já está morta e fede há mais de 40 anos; o Centro é outra solene peta porque implicaria existir "uma periferia" - ora o Povo Português é quase todo ele uma periferia social e mental. O Povo Português não é sábio na hora de votar porque o Povo Português não é sábio: é sobrevivente, pavloviano, previsível, manobrável, dissimulado, aldrabão, resistente ou resiliente, ignorante - mas secular, pobre - mas solidário; ou seja, é como outro Povo qualquer, mas com melhor Cozinha.
Costa, bem como todos os seus predecessores e respectivas tripulações de spin-doctors, intuiu isto mesmo; e aposta numa falsa redistribuição de benesses económico-consumistas para poder ganhar em breve eventuais eleições (convocadas pelo novo locatário de Belém ou provocadas por fúrias patetas de bancadas parlamentares impacientes ou arrependidas).
Na hora de votar, o Povo Português - que é principalmente funcionário do Estado ou dele dependente - não vota com o cérebro e sim com o tubo digestivo. De outro modo não seria explicável a reeleição (ainda que minoritária) de Sócrates em 2009 - depois de muitas badalhoquices e da Crise Internacional de 2008, mas com aumentos absurdos à Função Pública: o "povo" bem sabia que estava a fazer asneira da grossa, mas preferiu fugir para a frente como uma manada de búfalos e manter o pastor-evangélico-pinto-de-sousa a espalhar fábulas e parábolas do Púlpito da Parque Escolar, do Simplex, das Novas Oportunidades e de outras merdas cenográficas; isto, enquanto o barco metia água por todas as juntas.
É no dia das eleições que a esquerda - tão ufana da igualdade entre os sexos - obtém a sua melhor recompensa: "queremos férias, smart-phones, écrans de plasma, carros novos e roupa da moda; e bifes na mesa !"