Felizmente
já passou essa maldita época do ano em que os portugueses parecem apenas massajar-se
com Ferrero Rocher, comer Whiskey de Sacavém, beber perfumes caros
(anunciados musicalmente por modelos menores de 18 anos em poses parvamente categóricas);
e perfumar-se com Bacalhau salgado.
Os
novos electrodomésticos já foram adquiridos, oferecidos, experimentados, trocados
e rejeitados.
Falta
apenas um punhado de dias para acabar de esgotar os últimos patacos numa
festarola parva em que se ingere espumante rasca às fatias e se toma presunto Sicasal às colheres; tudo isto em
ambientes cheios de calor e de odor a comida azeda.
Satisfeita
temporariamente a avidez primitiva e alarve por muita comida, o Povo poderá
concentrar-se na difícil mas inevitável tarefa de a defecar; e lá mais para
Abril-Maio poderá começar a ceder às espertíssimas campanhas “perca aqueles
quilitos que ganhou com os abusos do Inverno: venha ao nosso ginásio” ou “tome
Depuralina-X e fique gira”.
Idiotas.