Isaltino Morais apareceu hoje no Correio da
Manhã a babujar sobre o PSD: e como este tinha sido “capturado pela Direita”,
daí ter perdido as eleições. Não espanta que este criminoso condenado na
Justiça, que só não cumpriu mais tempo de cadeia devido a manobras dilatórias e
prescrições, ex-autarca do PSD, esteja com desejo de vingança e que agora - livre
para retomar publicamente a sua Câmara e as respectivas negociatas - se
entretenha a picar o partido que há bastante tempo o mandou embora por manifesto
e berrante comportamento criminal. Também Manuela Ferreira Leite picou há pouco
tempo o PSD de Passos (que ela odeia…) afirmando “que se tinha afastado da
Social-Democracia”, ou seja, que tinha sido “capturado pela Direita”.
Por outro lado,
os críticos externos e internos de Costa afirmam - sublinhando velhacamente se foram do PSD e
lamentando hipocritamente se forem do PS - que “o Partido Socialista foi
capturado pela extrema-Esquerda” ou que “derivou”. Não tenho dúvidas de que
alguns comunistas mais conservadores e fanáticos temam que o seu Partido tenha,
pelo comportamento complacente de Jerónimo, sido “capturado pela Direita”; pelo
menos “capturado pela política de direita”. Quanto ao actual Bloco, julgo não
haver neste momento lugar a grandes ralações com eventuais “capturas” porque
nem elas sabem bem qual a sua ideologia – tendo remetido o albanismo-trotskismo
para a mera estética de cartaz, enquanto que só querem mesmo é capturar verbas
do Estado, mais kaviar e de melhor qualidade, mais parceiros sexuais dos três
sexos e capturar mais umas roupitas à moda – para se distinguirem do sovaquento
PCP.
Mas, para o
melhor e para o pior, a moda “das capturas” ou das “derivas” está aí e veio
para ficar. Espanta-me o silêncio do Major Loureiro que, como independente que é, já devia ter
aparecido a palrar sarcasticamente sobre a “captura do PSD pela Direita”: este
popular cavalheiro esteve já à beira, ele próprio, de ser capturado sim – mas pela
PJ desprovida de programas políticos e ideológicos.
De captura em
captura, o próprio CDS já foi capturado em tempos (segundo o progressista
Freitas do Amaral que também foi capturado por Sócrates…) pelo Nacionalismo
anti-Europa de Manuel Monteiro; e mais recentemente pela ambiguidade mitómana e
populista do ex-jornalista Paulo Portas (que “jamais seria capturado pela política”) –
cujas inteligência e habilidade são todavia inegáveis e apreciáveis.
É a vidinha; a
nosso democracia
pluri-multi-maxi-partidária-hipo-patriótica tem destas coisas: por vezes a fome
e a ambição desmedida estão de tal modo carregadas
e oscilam e vibram de tal maneira que o entrechoque dos átomos e moléculas fá-las
entrar em ressonância e capturar partículas umas das outras – como numa gigantesca
orgia electromagnética.