quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CAPTURAS: crime, fealdade, azedume e electromagnetismo.



Isaltino Morais apareceu hoje no Correio da Manhã a babujar sobre o PSD: e como este tinha sido “capturado pela Direita”, daí ter perdido as eleições. Não espanta que este criminoso condenado na Justiça, que só não cumpriu mais tempo de cadeia devido a manobras dilatórias e prescrições, ex-autarca do PSD, esteja com desejo de vingança e que agora - livre para retomar publicamente a sua Câmara e as respectivas negociatas - se entretenha a picar o partido que há bastante tempo o mandou embora por manifesto e berrante comportamento criminal. Também Manuela Ferreira Leite picou há pouco tempo o PSD de Passos (que ela odeia…) afirmando “que se tinha afastado da Social-Democracia”, ou seja, que tinha sido “capturado pela Direita”.
Por outro lado, os críticos externos e internos de Costa afirmam -  sublinhando velhacamente se foram do PSD e lamentando hipocritamente se forem do PS - que “o Partido Socialista foi capturado pela extrema-Esquerda” ou que “derivou”. Não tenho dúvidas de que alguns comunistas mais conservadores e fanáticos temam que o seu Partido tenha, pelo comportamento complacente de Jerónimo, sido “capturado pela Direita”; pelo menos “capturado pela política de direita”. Quanto ao actual Bloco, julgo não haver neste momento lugar a grandes ralações com eventuais “capturas” porque nem elas sabem bem qual a sua ideologia – tendo remetido o albanismo-trotskismo para a mera estética de cartaz, enquanto que só querem mesmo é capturar verbas do Estado, mais kaviar e de melhor qualidade, mais parceiros sexuais dos três sexos e capturar mais umas roupitas à moda – para se distinguirem do sovaquento PCP.
Mas, para o melhor e para o pior, a moda “das capturas” ou das “derivas” está aí e veio para ficar. Espanta-me o silêncio do Major Loureiro que, como independente que é, já devia ter aparecido a palrar sarcasticamente sobre a “captura do PSD pela Direita”: este popular cavalheiro esteve já à beira, ele próprio, de ser capturado sim – mas pela PJ desprovida de programas políticos e ideológicos.
De captura em captura, o próprio CDS já foi capturado em tempos (segundo o progressista Freitas do Amaral que também foi capturado por Sócrates…) pelo Nacionalismo anti-Europa de Manuel Monteiro; e mais recentemente pela ambiguidade mitómana e populista do ex-jornalista Paulo Portas (que “jamais seria capturado pela política”) – cujas inteligência e habilidade são todavia inegáveis e apreciáveis.
É a vidinha; a nosso democracia pluri-multi-maxi-partidária-hipo-patriótica tem destas coisas: por vezes a fome e a ambição desmedida estão de tal modo carregadas e oscilam e vibram de tal maneira que o entrechoque dos átomos e moléculas fá-las entrar em ressonância e capturar partículas umas das outras – como numa gigantesca orgia electromagnética.