terça-feira, 7 de junho de 2016

o Congresso




Confesso não ter prestado a mínima atenção ao congresso do PS. Limitei-me, a posteriori, a ler e a ouvir em jornais e noticiários o que outros tiveram infinita paciência de reportar e comentar.
Saltou logo à vista a generalizada falta de entusiasmo e de aprumo que – pelo contrário -  no tempo de Sócrates caracterizavam sem falta estes espectáculos televisionáveis. Foi ele afinal o grande ausente, numa altura em que a incompetência e a badalhoquice de Costa atiraram para a banalidade distante todas as tropelias pessoais e públicas do ex-Querido Líder – restando dele (para já) apenas a solidão remota e inestética da sua questão processual / criminal. Em compensação, ‘tivemos’ o regresso desejado e piedoso de António Guterres – que emitiu às tantas um “já tinha saudades de aqui estar” que, dada a roda de conhecimentos na qual se movimentou nestes últimos anos, soou horrivelmente à mentira mais deslavada.
O Congresso de Costa nem precisou de ser ameaçador de modo Norte-Coreano: o primeiro ministro tem o partido nas mãos e o evento foi uma das mais abjectas demonstrações públicas de cobardia e yessismo alguma vez segregadas por grupos políticos. Sousa Pinto deixou-se silenciar na véspera – comprado por Ana Catarina com um lugar no Conselho Nacional “onde afirmará a sua oposição à actual liderança” ( edificante… ).
Foi portanto sobre os ombros solitários de Assis que caiu a ingrata tarefa de ser neste congresso a ‘oposição a Costa’: as suas já conhecidas críticas foram reafirmadas e apresentadas – mas de forma amortecida, pífia e gaguejante. Como de costume, o suor picava-lhe a testa e o fácies bexigoso – de nada lhe tendo servido a sua reputação de coragem e coerência.
Pelo temor generalizado e obediente dos delegados qualquer evento da extinta Assembleia Nacional Popular, por comparação, seria um exemplo de rebeldia e vitalidade democrática.
Mas a grande topada política e teológica do “Socialismo Democrático” coube incontestavelmente a Pacheco Pereira: o vídeo difundido n’O Observador é um condensado documento que ficará para a posteridade pelas extraordinárias faltas de vergonha e lealdade do distinto membro d’A Quadratura. A sua lição de Ciência e de branqueamento do actual executivo (que deleitou o PS) foi de tal modo moralista e pastosa que julgo até que o convenientíssimo “ilustre convidado” se encontrava inebriado com Cartaxo.
 
Costa é um político de 4ª plana – ignaro, rombo, primitivo – e fez-se rodear de personagens intensamente desclassificadas e medíocres como Ana Catarina Mendes (uma espécie funcional de ‘Benilde, a virgem Mãe’ dentro do PS) ou o sinistro Carlos César. Costa está ainda tranquilamente refém dos disparates colectivistas do PC e das persecutórias parvoíces, apaneleirantes da sociedade, que o BE regularmente regurgita.
 
 
Entretanto vem aí o resgate da Caixa (essa confortável casa de putas) e o assalto organizado ao contribuinte. Deus nos valha.