Confesso não ter prestado a mínima atenção
ao congresso do PS. Limitei-me, a
posteriori, a ler e a ouvir em jornais e noticiários o que outros tiveram
infinita paciência de reportar e comentar.
Saltou logo à vista a generalizada falta
de entusiasmo e de aprumo que – pelo contrário - no tempo de Sócrates caracterizavam sem falta estes
espectáculos televisionáveis. Foi ele afinal o grande ausente, numa altura em
que a incompetência e a badalhoquice de Costa atiraram para a banalidade
distante todas as tropelias pessoais e públicas do ex-Querido Líder – restando dele
(para já) apenas a solidão remota e inestética da sua questão processual / criminal.
Em compensação, ‘tivemos’ o regresso desejado e piedoso de António Guterres –
que emitiu às tantas um “já tinha saudades de aqui estar” que, dada a roda de conhecimentos
na qual se movimentou nestes últimos anos, soou horrivelmente à mentira mais deslavada.
O Congresso de Costa nem precisou de ser ameaçador
de modo Norte-Coreano: o primeiro ministro tem o partido nas mãos e o evento
foi uma das mais abjectas demonstrações públicas de cobardia e yessismo alguma
vez segregadas por grupos políticos. Sousa Pinto deixou-se silenciar na véspera – comprado por Ana Catarina
com um lugar no Conselho Nacional “onde afirmará a sua oposição à actual
liderança” ( edificante… ).
Foi portanto sobre os ombros solitários de
Assis que caiu a ingrata tarefa de ser neste congresso a ‘oposição a Costa’: as
suas já conhecidas críticas foram reafirmadas e apresentadas – mas de forma amortecida,
pífia e gaguejante. Como de costume, o suor picava-lhe a testa e o
fácies bexigoso – de nada lhe tendo servido a sua reputação de coragem e
coerência.
Pelo temor generalizado e obediente dos
delegados qualquer evento da extinta Assembleia
Nacional Popular, por comparação, seria um exemplo de rebeldia e vitalidade
democrática.
Mas a grande topada política e teológica do
“Socialismo Democrático” coube incontestavelmente a Pacheco Pereira: o vídeo
difundido n’O Observador é um condensado documento que ficará para a
posteridade pelas extraordinárias faltas de vergonha e lealdade do distinto
membro d’A Quadratura. A sua lição de Ciência
e de branqueamento do actual executivo (que deleitou o PS) foi de tal modo moralista
e pastosa que julgo até que o convenientíssimo “ilustre convidado” se
encontrava inebriado com Cartaxo.
Costa é um político de 4ª plana – ignaro, rombo,
primitivo – e fez-se rodear de personagens intensamente desclassificadas e
medíocres como Ana Catarina Mendes (uma espécie funcional de ‘Benilde, a virgem
Mãe’ dentro do PS) ou o sinistro Carlos César. Costa está ainda tranquilamente
refém dos disparates colectivistas do PC e das persecutórias parvoíces, apaneleirantes
da sociedade, que o BE regularmente regurgita.
Entretanto vem aí o resgate da Caixa (essa
confortável casa de putas) e o assalto organizado ao contribuinte. Deus nos
valha.