Quem os viu e quem os vê. Este friso de endiabrados do funcionalismo e do 'nacional-sindicalismo' (o Dr. Rolão Preto que me perdoe), sempre prontos a reagir, a fazer greve, a cuspir fogo e a inventar lutas e jornadas, anda manso mansinho que até mete dó. Nogueira disse "que 4000 professores no quadro não chegava" - mas a sua expressão era beatífica e serena; Avoila tem ido ao cabeleireiro dia-sim dia-não desde que a geringonça encetou de forma amável as reposições, as progressões e as reversões. A dita esquerda meteu litros de óleos santos na engrenagem governamental - principalmente por via do "afinador de máquinas" que é Jerónimo e cujo emissário Arménio vai servindo fielmente de fiel. É lindo quando os homens se entendem, como diria o mui-progressista e moderno Vítor Melícias; e é mesmo ternurento quando os partidos se reúnem com os parceiros sociais e Arménio e Jerónimo trocam cumprimentos sinceros e espantados tendo estado juntos no Comité Central no dia anterior. Quem beneficia é o governo e toda a tralha partidária que o suporta - assim como os grupos chupistas e clientelares que orbitam S. Bento e que dele dependem para ordenados, cargos, subsídios e comissões (dinheiro). De resto, com a imprensa toda do lado de Costa num graxismo infame digno de um regime de partido único, não há notícia, acontecimento ou facto que seja considerado importante ou alarmante: quando o governo coloca dívida no mercado e os juros ultrapassam os 4% "Costa desvaloriza" e diz-se que "este 'movimento' dos juros não é importante". Note-se bem: os juros "não sobem"; têm um "movimento". De qualquer modo, os valores do crescimento são temporários e ilusórios - porque Portugal não produz mais, não cria produtos indispensáveis a outras paragens, não exporta com vigor e de modo sustentado, não tem matérias primas valiosas, não fabrica tecnologia de ponta, não tem uma banca sólida - e o número de convivas à mesa da segurança social e do serviço nacional de saúde vai aumentar e não diminuir.
Mas não há problema: o governo é de esquerda.